Foi inaugurado o percurso interpretativo do Castro de
Alvarelhos. Neste sítio arqueológico, já é possível conhecer mais sobre a
ocupação durante a Idade do Bronze e o processo de romanização.
Dois centuriões desafiavam o frio de sábado à tarde e guardavam a
primeira placa interpretativa do Castro de Alvarelhos. Os homens,
armados com escudos e lanças, guardavam um património difícil de
quantificar. À sua volta, outros figurantes,do Rancho de Santa Maria de
Alvarelhos, vestidos a rigor davam as boas vindas a todos aqueles
que quiseram participar na inauguração do percurso interpretativo
do Castro, Monumento Nacional desde 1910 e considerado um dos maiores do
Noroeste Peninsular.
O arqueológo Francisco Queiroga foi o responsável pelas placas onde
figuram os textos que documentam a ocupação deste local desde a Idade
do Bronze. “É uma ocupação bastante antiga, o qual foi construído na
Idade do Ferro e que cobre pelo menos a última parte do primeiro milénio
antes de Cristo e que tem vida quando se iniciou o processo de
romanização e se ultima a conquista da Península. A partir daí, vai
assumir padrões de romanização que não são muito comuns nos castros da
região, o que o torna único e interessante”, explicou ao NT e à
TrofaTv.
Quanto à importância arqueológica que o Castro assume não há dúvidas:
“Este local é enorme, não se sabe onde começa nem onde acaba”. Com a
limpeza e escavação feita nos últimos anos, a equipa que estudou o
Castro conseguiu “reunir um conjunto substancial de dados que permitem
entendêlo”, no entanto, mais do que continuar a escavar,
Francisco Queiroga considera importante a sua “proteção”. “O processo
de investigação é cada vez mais oneroso e que nos traz problemas de
conservação e proteção. A escavação deve ser sempre acompanhada de
algumas medidas de salvaguarda. É necessário rentabilizar os dados
que já dispomos e investigar sobre eles”, explicou.
Assis Serra Neves, vereador da Cultura, considera que a
inauguração do percurso interpretativo já devia ter sido feita em 2010,
aquando do centenário do Castro como Monumento Nacional, no entanto “só
agora foi possível” dar mais “este passo” para a divulgação deste sítio
arqueológico. Apesar de admitir que novas escavações iriam
permitir descobrir mais sobre este património, o autarca ressalvou
que “as dificuldades financeiras da autarquia não vão permitir
fazer aquilo que era expectável”. “A nossa missão é divulgar o Castro,
mas também preserválo para que não seja vandalizado”, acrescentou.
O vereador apelou ainda aos trofenses para que “venham visitar” este
espaço, que se assume como uma das riquezas patrimoniais do concelho.
Opinião semelhante tem Joaquim Oliveira, presidente da Junta de
Freguesia de Alvarelhos. “Satisfeito” com a inauguração do
percurso interpretativo, o autarca esperava “quer hoje, quer no
passado, gostaria que a exploração do Castro já tivesse avançado
muito mais”. “Nestes cem anos muito pouco se fez e os tempos de hoje são
difíceis, mas penso que com o empenho de todos se conseguiria ir mais
além”, rematou.