Na
antiga capital de Conventus, Bracara Augusta, foi edificado, nos
inícios
do
século I, um santuário rupestre que é hoje conhecido como Fonte do Ídolo,
ou “Quintal do Idro”. Este monumento conservou-se, parcialmente, e é um
dos locais da cidade romana mais divulgados devido ao seu cariz único.
Numa
superfície vertical com cerca de três metros de largura observase na
parte esquerda uma estátua com cerca de 1,10 metros. Esta figura encontra-se
num avançado estado de degradação, o que impossibilita averiguar
se é feminina ou masculina. Todavia, consegue-se perceber que se
trata de uma personagem togada que segura na mão um objecto, talvez uma
cornucópia. À esquerda da cabeça é visível a seguinte inscrição:
(CEL)ICVS
FRONTO / ARCOBRIGENSIS / AMBIMOGIDVS / FECIT, que pode
ser
traduzido por “Celico Fronto, de Arcóbriga, Ambimógido fez (este monumento)”.
Do lado direito do monumento distingue-se uma edícula, com a
representação de um busto no seu interior, que foi intencionalmente desviado
para a esquerda dando, desta forma, espaço à seguinte inscrição:
CELICVS
FECIT, a que se segue na parte inferior do nicho: FRO(NTO), ou seja o
nome do dedicante. À esquerda da edícula pode-se ler o nome de uma
divindade: TONGONABIAGOI. O nicho é adornado por um frontão onde se pode
ver uma pomba e um maço. Acima do frontão há uma epígrafe com
letras gravadas em tipo diferente, e que é considerada tardia por diversos
investigadores. Na base deste nicho brota um pequeno manancial.
A
intrepretação deste santuário é complexa. A linha interpretativa originada por
José Leite de Vasconcelos manteve-se estável ao longo de quase um século,
sofrendo apenas algumas variações. Leite de Vasconcelos entende que a
divindade e o dedicante se encontram ambos representados, assumindo
que a primeira está representada na edícula e a segunda em alto-relevo.
Esta leitura foi, posteriormente, invertida por Alain Tranoy, que
identifica o deus com a figura do lado esquerdo e o dedicante com o busto
inserido no nicho.
Outro
autor, António Rodríguez Colmenero, defende que se trata de um santuário
plural. Desta forma o dedicante, Celicus Frontus, apenas está registado
na inscrição enquanto que as duas divindades estariam representadas.
A figura em pé corresponderia à deusa Nabia (uma Nabia /
Fortuna). Tongonabiagus, divindade da “veiga bracarense” estaria
representada
na edícula.
Com
base no conhecimento dos vestígios encontrados na envolvente da Fonte
do Ídolo, há investigadores que entendem que o monumento poderá ter
sido parte integrante de uma domus suburbana, enquanto outros pensam
que estamos perante um santuário público mandado edificar por Celico
Fronto para usufruto da comunidade bracarense. Seria pois um dos
raros exemplos de ebergetismo na cidade de Bracara Augusta. Estamos
assim perante um local de grande relevância patrimonial e científica,
quer pela sua originalidade, quer também pela informação que faculta
acerca das divindades indígenas veneradas nos primórdios da Callaecia
meridional.
Apesar
de ser dedicado a deuses autóctones, o santuário da Fonte do Ídolo possui um
marcado estilo clássico.
Não deixes de visitar este tesouro em Braga na tua próxima visita ao coração da Gallaecia Sul.
Um Abraço Galaico
Excelente informação!
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