Fonte (Lusa) - Os pastores da serra do Gerês contestam o propósito do Parque Nacional da Peneda-Gerês (PNPG) de proibir o uso de casas de montanha, utilizadas no verão para garantir o pastoreio dos gados, disse, hoje, à Lusa, fonte autárquica.
O presidente da Junta de Campo, São João, António Pinto adiantou que o PNPG quer proibir o uso dos refúgios de montanha - conhecidos localmente como "vezeiras" - pelos pastores, para garantir a permanência daquela estrutura na rede europeia PAN Parks que agrega a elite dos parques nacionais na Europa.
"Somos geridos por gente que nos quer tirar os nossos ancestrais, usos e costumes", lamentou António Pinto, garantindo que as populações do Parque estão todas contra a medida e querem um estatuto especial, de "residentes" para não continuarem "a ser tratados como turistas".
A recente entrada do PNPG na rede PAN Parks obriga à manutenção de uma área mínima de cinco mil hectares sem população, limite que terá de ser alargado, a médio prazo, para 10 mil hectares.
A medida consta do processo de revisão do Plano de Ordenamento do PNPG, que se encontra prestes a ser concluído, de modo a entrar em discussão pública no primeiro trimestre de 2009.
Entre os requisitos de adesão das áreas protegidas à certificação PAN Parks destacam-se também, a obrigação de possuir uma extensa área, não inferior a 20.000 hectares, e de integrar uma wilderness zone (zona sem intervenção humana) com uma área mínima de 10.000 hectares.
A rede engloba os parques nacionais de Rila e Central Balkan, na Bulgária, Borjomi-Kharagauli, na Geórgia, Bieszczady na Polónia, Archipelago na Turquia, Fulujallet, na Suécia, Majella, em Itália, Paanarjavi, na Rússia, Retezat, na Roménia, e Oulanka, na Finlândia.
A adesão impõe, também, o desenvolvimento de uma política de gestão da visitação (plano de gestão de visitantes) e de uma estratégia de desenvolvimento do turismo sustentável, de forma participada.
A Lusa tentou obter um comentário do director do PNPG ou do departamento de gestão de parques do Norte, Henrique Pereira, o que não conseguiu, até ao momento.
O Instituto de Conservação da Natureza e da Biodiversidade defende, no seu site, que a adesão à rede permite que a Área Protegida se insira numa rede de excelência, onde apenas constam os melhores Parques da Europa, sendo a única estrutura da Península Ibérica a integrar esta rede.
"Com a certificação PAN Parks é de esperar um incremento substancial do afluxo de turistas estrangeiros (nomeadamente do norte da Europa), pois irá permitir integrar o PNPG no roteiro dos grandes operadores turísticos especializados em turismo de natureza", sustenta o site do instituto.
Um Abraço Galaico
Para quando um pouco de bom senso?
ResponderEliminarOs trilhos dos pastores marcados por mariolas, estão longe, longíssimo de estarem saturados.
O que esgota o Gerês nos meses de Verão, são os piqueniqueiros da berma da estrada que deixam o rasto de lixo assustador, mesmo com contentores ao lado e as camionetas de compradores de souvenires nas termas das caldas, arquitectonicamente "destruídas" nas últimas décadas em nome de um progresso muito pouco "Pan Park". É por isso que de Julho a Setembro, nem lá ponho os pés. Prefiro entrar por Espanha, parar na Portela do Homem, embrenhando-me na Mata da Albergaria a seguir. Os pedestrianistas, esses regra geral, têm consciência ambiental e respeito pela natureza. O pastoreio livre já é uma actividade em risco, mais uma a desertificar as serras, as brandas e os currais. Agora alguém no meio da Europa, aplica uma directiva generalista, abstracta ao PNPG sem ter a mínima noção da nossa realidade. Desculpem, mas eu quero continuar a subir às brandas, fazer o trilho dos currais e jogar conversa fora, sem pressas, com os pastores. O Pan Parks vai-me limitar isso? Fraco serviço.
Já agora, limitar o crescente e absurdo tráfego de barcos e motos de água nas barragens como a Caniçada? - Oh Pan Park, isso também não será com vocês. O problema é só mesmo o pastoreio é?
Lanchas, motas de água a mais, motos 4 e outros veículos todo-o-terreno a acelerar impunemente, excursões a comerem e deixarem um rasto de porcaria na berma da estrada e engarrafamentos de veraneantes, são aspectos que de facto agridem o PNPG. Agora os pastores e os seus rebanhos? São um activo, fazem parte o nosso património vivo, da nossa memória colectiva! Eles contam-nos histórias de gerações e vidas nada fáceis. Nunca me incomodaram. É um privilégio, uma benção encontrá-los. Há que preservá-los, incentivá-los, em vez de demorar 15 ou mais meses a indemnizá-los quando ficam sem uma rês, por causa dos lobos. Vá lá, Atinem!
Bem hajam.