segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Tesouros da Gallaecia - Fui ao Gerês e bi uma baca gande com uns conus....!

Ficamos por aqui, em grande parte porque estamos atrasados para ver o futebol em casa ou até porque o cheiro a bosta só tem graça por umas horas...como o frio! Que bom que era mandar abaixo agora uma posta de "baca" dessas com umas batatinhas e uma malga de berde!

Esta semana vamos conhecer essa majestosa, imponente e tesouro da nossa Gallaecia. A raça Cachena.

Habitante na Alta Montanha, sempre acima das cotas dos 800m esta raça, conhecida por muitos nomes em função das serras e gentes que a ladeiam, é, nos dias hoje tema de conversa sempre que um qualquer humano se cruza no seu caminho. Na Serra Amarela são apelidadas de Vilarinhas, nome proveniente do povo da submersa Vilarinho das Furnas! Cabreira, às oriundas da localidade de Cabreiro ou ainda Carramelha ou Carramilhinha! Barrosão Ananicado, apelidaram os zootécnicos!

Morfologia:
Cabeça: comprida, de perfil recto, em que o comprimento desta é superior ao dobro da largura entre as arcadas orbitárias. Focinho negro e largo, um pouco grosso. Conjunto ocular pouco saliente. Chifres muito desenvolvidos, com secção circular, que saem para cima e para os lados tomando a forma de parafuso ou saca-rolhas.Pescoço: curto, bem ligado à cabeça e à espádua, barbela bem desenvolvida.


Tronco: cernelha pouco saliente, com costado arqueado e o peito medianamente largo e descido. A garupa é comprida e descaída, com pequena largura isquiática. As nádegas são mal musculadas e pouco desenvolvidas, tendo a cauda inserção alta terminando por uma borla de pelos escuros.

Sistema mamário: úbere bem desenhado, bem proporcionado e com boa implantação.

Extremidades e aprumos: membros de extremidades livres pouco desenvolvidas, mal aprumados, terminando com unhas escuras, pequenas e arredondadas.

Pele, pelo e mucosas: pele grossa, mas macia. Pelos curtos e finos nas estações estivais, observando-se pelos mais desenvolvidos no pavilhão auricular e na borla da cauda que é geralmente escura. No Inverno estes animais ficam com uma pelagem grande e grosseira para se defenderem do frio. As mucosas das aberturas naturais são escuras.

Cor: pelagem castanho-claro, tendendo para o cor de palha ou acerejado. Há alguns anos atrás havia muitos destes animais com tonalidades de castanho muito mais escuro que durante os meses de Verão, «abriam à cor», isto é, passavam de castanho pezenho a castanho aberto. Nos touros reprodutores o terço anterior é geralmente mais escuro.


Formato: são bovinos muito pequenos, talvez os mais pequenos do Mundo, com uma índole bravia, que não escondem a sua condição de semi-selvagem.
Raça considerada feral ou semi-selvagem, como outras espécies do PNPG, o seu regime de exploração é o extensivo, no entanto, descem às povoações quando a neve se mantém por períodos mais alargados.


Como características principais deste regime perduram ainda nos nossos dias os ancestrais regimes comunitários das Brandas e das Inverneiras, por um lado e por outro o das vezeiras, este cada vez mais em desuso.

Nas vezeiras, como a própria palavra indica os animais eram guardados ou pastoreados à vez, isto é, cada casa de lavoura guardava proporcionalmente as manadas tantos dias quantos fossem os seus animais e os proprietários.

Nas Brandas e Inverneiras, os animais faziam a transumância para fugir aos rigores dos Invernos frios, no caso das Inverneiras, que eram locais abrigados dos ventos e em cotas de altitude mais baixas por isso mais quentes, nas Brandas para fugir à canícula de Verões quentes em locais arejados e com cotas de altitudes mais altas.

Área geográfica de produção

O solar da raça é o Parque Nacional da Peneda-Gerês.

Este engloba o prolongamento da cadeia dos montes Cantábricos com as serras da Peneda (alt. 1340m), o Soajo (alt. 1430m), a Amarela (alt. 1350m) e o Gerês (alt. 1545m).

Desenvolve-se entre os planaltos de Castro Laboreiro, a Norte (alt. 1340m) e o da Mourela, a Este (alt. 1380m).

Garcia et al. (1981) refere que existiam no PNPG, 3000 bovinos ananicados o que correspondia aos actuais Cachenos. Hoje, não deverão restar mais de mais de 600 animais apresentando quase todos influências de introdução de sangue de uma outra raça de maior porte – o Barrosão.

Poucas dezenas são os animais que consideramos em estado de pureza étnica, identificando-se assim com o padrão da raça.
 
Vamos então ver essas Vilarinhas que nos enchem de vida os Prados da Serra Amarela!
 
Gallaico

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